Fazendo um Projétil Semi-Jaquetado Calibre .308

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Considerações 

 

Diante das dificuldades de se obter insumos e de qualidade e com preços acessíveis para prática do tiro corrente, informal, caça etc, não tive outra escolha a não ser estudar sobre o assunto e desenvolver meus próprios marcadores de chumbo, jaquetados e maciços.

 

No curso de meus estudos e pesquisas e devido as dificuldades iniciais para fazer um Full Metal Jaquetado, acabei por desenvolever uma ponta semi-jaquetada a partir de tubo de cobre 5/16, o qual fica com peso de 170 a 180 grains dependendo da liga que forma o núcleo e base escolhida.

 

Depois de consumado, realizei uma bateria de tiros para teste a distância de 150 metros com excelentes resultados para minha surpresa, superando as expectativas a que se propunha, pois, como iniciante ouvi muitas conversas sem qualquer fulcro, todavia, a prática leva a perfeição e a necessidade é a mãe de todas as invenções como dizem.

 

Preparando a Coquilha 

Inicialmente para que se possa fazer o projétil semi-jaquetado é necessária a obtenção de uma coquilha .312' com peso de 180 grains ou mais. Porque .312' e não .308'??? Para que a jaqueta encaixe dentro da coquilha que deverá ser previamente ajustada, pois, o tubo de cobre tem a medida original 5/16  = .312', que posteriormente será ajustada através do calibramento para .308' de polegada.  

A coquilha de alumínio é a indicada pelo fato do material ser mais fácil de ser usinado para retirada das saliências das canaletas de lubrificação. Querendo o recarregador "Reloader" solicitar junto ao fabricante uma coquilha de ferro fundido com as especificações apontadas.  
   

 

Com a coquilha em mãos, deve-se proceder os ajustes necessários para que a  jaqueta possa encaixar para fundição do núcleo. Com a ajuda de um escareador e uma dremel retira as saliências que existem no interior da coquilha, aquelas que deixam as ranhuras "canaletas de lubrificação" no projétil para colocação da cera.

 

Proceda o esfumaceamento da coquilha antes da usinagem, isso serve para vizualizar o limite da retirada do material a ser usinado sem afetar a medida interna da coquilha.  

 

Obs.: Não retirar a primeira saliência, a mais, fina, pois ela serve de divisor/limitador e para segurar a jaqueta nolocal adequado.   

 

 

Iniciando a Fabricação da Jaqueta

 

Uma vez ajustada a coquilha a jaqueta de cobre deve ficar fixada a permitir o fechamento perfeito,como mostra a foto abaixo. 

 

 Relizados os procedimentos e ajustes descritos acima, passa-se ao medição para o corte do tubo de cobre 5/16 que deve ter 99% de pureza o cobre. Para esse trabalho é utilizado um cortador de tubos facilmente encontrado em casas de equipamento para gás e de ferragens.

 

Alinhe o tubo de cobre para evitar vairações e deformidades, para isso utilize uma haste metalica na medida que possa ser introduzida dentro do tubo de cobre, podendo ser uma chave de fenda.

 

Estabelecida a medida com um paquimetro e marcada, corta-se a futura jaqueta na medida de 8mm.

 

 

 Procure manter um padrão exato de corte para que todas as jaquetas fiquem na mesma medida.

 

 

Observações Técnicas

Porque o comprimento da jaqueta deve ter 8mm??? Depois de fundido o núcleo a base de chumbo fica para fora da jaqueta que irá receber o gás-check, aumentando assim, o comprimento do projétil, observa-se, que um projétil não é feito aleatoriamente, pois, deve atender as especificações do projeto e dimensionamento da arma a qual é destinado, sem dizer, na questão do throat, profundidade do assento do marcador no estojo e o AOL total que atendem normas a padronizações SAAMI. Essas questões interferem em muitos fatores na hora do disparo, como por exemplo pressão e precisão, questões que serão abordadas com profundidade oportunamente em outros posts.

 

 

Visualização de disposições de medidas para melhor compreensão de como um projétil é projetado e dimensionado para atender o encaixe na câmara e cone de forçamento, evitando-se, um throat violento e uma brusca elevação de pressão.

 

De forma figurada tem que se ter em mente que o projétil deve ser preciso como uma rolha, ou seja, com diâmetro suficiente para ingressar junto ao raiamento com pressão de forma adequada a fim de veda-lo para que não haja perdas dos gases da queima do propelente sem que fique entalado a causar uma explosão ou gere aumento de pressão a danificar a arma e tão pouco não pode ter diâmetro insuficiente a incapacitar o disparo.

 

 

Completando a Fabricação da Jaqueta

 

Tendo em vista, o tubo de cobre ter uma parede aproximada de 1,1mm de espessura, caso queira, é possível fazer canaletas para colocação de lubrificantante com o próprio cortador, mas, esse procedimento deve ser realizado antes do corte definitivo da jaqueta.  



 



 Cortada a jaqueta ela fica com uma rebarba que deverá ser retirada por usinagem com a utilização de escariadores: o da direita para retirada da rebarba e o escareador da esquerda para chanfrar a parede interna do lado que será a base.     

 

 

 Procede-se a usingem para retirada da rebarba e acabamento, fixando-se a jaqueta no mandril da furadeira de bancada ou de mão, prendendo-se o escariador em uma morça ou outro mandril e se inicia a usinagem de ambos os lados da jaqueta.

 

O ideal é fazer uma pinça no torno para poder prender a jaqueta e ser utilizada junto ao mandril para evitar deformações.

 

Retirada as rebarbas, agora com o escariador em ângulo é feito o chanfro no que vai ser a base do projétil, esse chamfro tem a finalidade de propiciar a melhor engate do núcleo junto a jaqueta.    



 

Visão do lado da jaqueta que será a base do marcador e que irá receber o gás-check, a usinagem é feita em forma de cunha, em ângulo ampliando a área do núcleo de chumbo base, medida técnica de segurança que impede que o núcleo se desloque através da jaqueta quando do disparo.

  

 

Quando da usinagem do lado que será a parte frontal do projétil, procure quebrar suavemente a quina da jaqueta com uma lima fina, esse procedimento facilitara o encaixe da jaqueta junto ao início do raiamento a permitir melhor estabilidade e precisão.  

 

Fundição do Núcleo de Chumbo

 

Cortada, usinada, chanfrada e etc a jaqueta, a mesma está pronta para receber o núcleo de chumbo que deve ser derivada de uma liga tradicional "chumbo, estanho e antimônio" com boa dureza Brinell, podendo estar entre 10 a 15 BHN.

 

A dureza da liga é outra questão técnica que será abordada oportunamente, pois, envolve muitas questões técnicas. A liga obtida de contrapeso de rodas para balanceamento tem dureza satisfatória.

 

Prepara-se a coquilha esfumaçando-a com a fumala da queima de fósforos para após pré-aquece lá com um maçarico com gás GLP ou no próprio bocal do fogareiro. 

 

Lembre-se, que a manutenção constante da temperatura da liga e coquilha contribuirá para que o peso dos projéteis sejam iguais ou próximos.

 

 

Estando a liga e a coquilha prontas, com o auxílio de um alicate de bico fino encaixe a jaqueta na coquilha entre o espaço do anel limitado e a parte final e proceda o fechamento, o qual deve ocorrer perfeitamente para que o projétil fundido não fique com deformidades ou rebarbas.    

 

Verta a liga derretida dentro da coquilha que contém a jaqueta e funda quantos projéteis desejar, os quais podem ser resfriados em água imediatamente quando são retirados da coquilha.

 

Siga as regras de segurança para fundição de projéteis, o manuseio de chumbo derretido é perigoso e requer local apropriado. Remeto o leito à postagem nesse blog sobre regras de segurança quando da fundição de projéteis.

 

Foto meramente ilustrativa

 

Fixação do Gás-Check e Calibragem

 

Fundido os núcleos de chumbo em tantas jaquetas que se considera necessárias e resfriados os projéteis, passa-se a colocação do gás-check com a finalidade de proporcionar um acabamento e funcionalidade de evitar o derretimento da base devido a alta temperatura ocasionada no momento do disparo, bem como, evitar o chumbamento do cano.    

 

 



O gás-check será fixado se utilizando de uma prensa "O" e um calibrador na medida .308, onde ao mesmo tempo que o gás-check é colocado o projétil é calibrado. Recomenda-se passar um pouco de cola rápida o interior do gás-check para ser fixado.

 

 

Projéteis com gás-check fixados.

 

 

Conferindo a calibração que pode ser feito com paquímetro ou micrometro.

 

 

Devidamente calibrados os projéteis, procede-se o acabamento lixando suavemente a jaqueta com lixa 600 e 1200 ou 2000 para retirar riscos e polir e se realiza a pesagem para conferência.

 

 

Depois de realizados todos os procedimentos supra chega-se ao resultado final. 

 

 

 Testes

 

Quando fiz os primeiros projéteis antes mesmo de atirar realizei uma série de teste objetivando comprovar que o núcleo de chumbo não iria se soltar da jaqueta quando disparado.

 

Realizei teste de impacto estático sobre a base do projétil sem o gás-check para retirada do núcleo de chumbo, não obtive qualquer resultado, todos ficaram deformados e o chumbo não se desprende de forma alguma, depois de fundido o núcleo adere a jaqueta, mas, sempre faço a conferência por segurança par verificação se o núcleo não está solto.

 

 

Teste visual rudimentar de concentricidade, o ideal é usar um tocador ou apalpador.

 

 

Comparando a medida do jaquetado com o semi na boca do cano. 

 

 

Variantes da mesma técnica onde se obtém projéteis diversos: anelado com gás-check; semi-jaquetado ogival; semi-jaquetado ogival canaletado; semi-jaquetado pontiagudo, e semi-jaquetado ogival com base boatail.

 

 

Projétil canaletado lubrificado com Alox. 

 

 

 Personalizando o projétil.

 

 

 

 

Agora basta por em prática e fazer os próprios projéteis.

 

FIM

 

Fernando P. Codina

   Maker Bullets

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